Como está o seu machado? – Bruno Roma

Bruno Roma

Como está o seu machado?

Um dia desses eu estava relembrando minhas passagens profissionais, e em quais momentos eu me sentia feliz e motivado, e em quais momentos eu sentia o oposto, e cheguei a uma conclusão: meu prazer em trabalhar foi desenvolvido antes mesmo do meu primeiro emprego e estava relacionado a produzir conteúdo e absorver conhecimento.

Vocês já ouviram a história do jovem lenhador? Vou contá-la brevemente para os que não a conhecem: Em uma grande fazenda havia um lenhador experiente, seu filho havia acabado de ganhar seu primeiro machado, que brilhava de tão novo, e era tão afiado quanto uma espada samurai, o menino ganhou o machado por ter atingido a idade que seu pai julgava adequada. E lá foi o jovem aprender o ofício. A cada nova lição do pai, o jovem cortava mais e mais árvores, aumentando a produção diariamente, até que o pai percebeu que o jovem já não precisava mais de suas aulas. O garoto então começou a cortar árvores sem supervisão, e após alguns dias o jovem percebeu que sua produção estava caindo. Um dia cortou 20 árvores, no dia seguinte 19, e no seguinte trabalhou uma hora a mais e mesmo assim cortou apenas 18 árvores, então ele decidiu ir falar com o pai, lenhador experiente: “Meu pai, eu não entendo o que está acontecendo, estou fazendo tudo como o senhor me ensinou, mas a cada dia que passa corto menos árvores, o que pode estar acontecendo?”, e o pai lhe respondeu “Desde quando você não afia o seu machado?”

No nosso cotidiano estamos sempre pressionados a entregar no prazo, iniciar um projeto assim que o outro termina, e ao mesmo tempo que fazemos outros 200 paralelamente, e de repente temos um problema naquele outro projeto que foi impecavelmente entregue a um mês. Esta é a vida da maioria de nós, e quando é que paramos para afiar nosso machado?
Antes dos meus 18 anos eu aprendi a construir webpages, e o que eu fazia naquela época era justamente uma dança entre produzir conteúdo e absorver conhecimento, até mesmo porque novas tecnologias para construção de páginas para a internet apareciam a cada dia, e eu sempre colocava em prática o que aprendia. E colhia muitos bons resultados. Minha primeira renda com programação web foi aos 15 anos, quando fiz um script para ser usado em um dos sites da universidade PUC.
Quando digo absorver conhecimento, não estou relacionando a apenas aprender algo novo, mas também a ver novas tendências, conversar com pessoas diferentes, discutir problemas que não são seus e nem são da sua empresa, discutir pontos de vista diferentes e compreendê-los em sua totalidade, mesmo que totalmente contrários às suas crenças.
Eu sinto que a produção no trabalho começa a cair quando estamos olhando para nossas tarefas com as mesmas ferramentas velhas e desgastadas. É preciso parar para absorver e conhecer novas ferramentas, limpar algumas outras e descartar aquelas que não precisamos mais. É preciso estimular as equipes a afiarem seus machados, principalmente quando não estamos produzindo como gostaríamos, ou quando nos sentimos desmotivados. A absorção de conhecimento pode ser o momento para a injeção de novas ideias e motivação para mais uma temporada produzindo conteúdo e cortando árvores com precisão e felicidade.
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