Tecnovigilância – Bruno Roma

Tecnovigilância

Artigo #4 – Tecnovigilância, ATS, Acreditação Hospitalar

Este artigo finaliza a série de quatro publicações com comentários e trechos relevantes sobre o estudo do Mapeamento e Diagnóstico da Gestão de Equipamentos Médicos publicado pelo Ministério da Saúde. Neste artigo foram abordados os temas: Avaliação de tecnologias em saúde Tecnovigilância Acreditação hospitalar Veja também os outros artigos da série:Artigo de apresentação do estudo. Artigo #1: Contexto e Introdução.Artigo #2: Gerenciamento de manutenção, indicadores, perfil do gestor de EMA, educação permanente. Artigo #3: Gestão de resíduos, Metrologia em saúde Tecnovigilância A vigilância pós-comercialização dos dispositivos médicos é denominada como Tecnovigilância, onde a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define como um sistema de vigilância de eventos adversos e queixas técnicas de produtos para a saúde (equipamentos, materiais, artigos médico-hospitalares, implantes, produtos para diagnóstico de uso “in-vitro”) na fase de pós-comercialização, com vistas a recomendar a adoção de medidas que garantam a proteção e a promoção da saúde da população (ANVISA, 2003). Para atingir tal objetivo, são realizados estudos, análises e investigações a partir de um conjunto de informações reunidas a respeito do desempenho do produto e obtidas através das notificações enviadas aos órgãos de vigilância sanitária. Notificar um evento adverso ou queixa técnica associada ao uso de um produto para saúde significa comunicar um agravo à saúde do(s) paciente(s) ou efeito inesperado ou indesejável, ou mesmo falha entre outros, que comprometam a segurança sanitária do produto. Qualquer profissional de saúde poderá notificar uma suspeita de evento adverso ou queixa técnica através do seu Gerente de Risco, caso esse EAS pertença a Rede Sentinela da Anvisa, caso contrário ele deverá se dirigir a Vigilância Sanitária local (VISA) da sua região. As principais dúvidas que surgem dos profissionais de saúde, quando abordamos as notificações, são: como se procede a essa ação, de que forma e quem deve fazer. Conforme a cartilha de Notificações em Tecnovigilância da Anvisa, para notificar não é necessário ter a certeza da relação de causa e efeito entre o evento adverso ocorrido e o uso do produto em questão. A suspeita dessa associação é razão suficiente para uma notificação. O envio de uma notificação não implica que o profissional da saúde ou o produto tenha necessariamente contribuído para a ocorrência do evento. Nessa pesquisa, 60% dos EAS conhecem superficialmente o processo de notificação em Tecnovigilância, todavia, somente 36% já utilizaram desse recurso. Observa-se, também, na pesquisa, que muitos entrevistados desconhecem como se faz uma notificação, alguns sequer sabem se a Instituição faz parte da Rede Sentinela da Anvisa ou mesmo se há a figura do gerente de risco na instituição. Nos locais que havia alguma atividade nessa área, verificou-se também a pequena participação dos profissionais diretamente relacionados à gestão de equipamentos com as atividades de Tecnovigilância, o que não é visto, por exemplo, em outros segmentos de vigilância, como a Farmacovigilância e a Hemovigilância. É possível observar através desse resultado que as ações no gerenciamento de risco para EMA ainda são limitadas, quando comparada às outras tecnologias. Infere-se que um dos motivos seja a ausência de profissionais na área de engenharia clínica, que auxiliariam os demais profissionais do serviço de saúde na investigação pormenorizada dos eventos adversos e a outra hipótese refere-se, também, às mudanças de hábito, onde algumas vezes esses eventuais erros que ocorrem são tratados como falhas comuns, quando muitas vezes são causadas por questões de projeto e que mereceriam notificação à Anvisa. Avaliação de tecnologias em saúde A avaliação de tecnologias em saúde (ATS), também conhecida como avaliação de tecnologias de cuidado em saúde ou de avaliação de tecnologias médicas, é uma forma de pesquisa de políticas que sistematicamente examinam consequências a curto, médio e longo prazo da aplicação de uma tecnologia em saúde, em um conjunto de tecnologias relacionadas, ou uma questão relacionada à tecnologia (BANTA et al., 1997). Os avanços na ATS podem permitir a promoção da qualidade dos serviços em saúde, mas novos desafios devem ser enfrentados para maior abrangência na aplicação dos métodos de ATS focados em EMA. É importante fomentar a realização de workshops, que poderão assistir na formação de recursos humanos em diferentes regiões do país e que serão multiplicadores desse conhecimento, podendo posteriormente participar de futuros editais de pesquisa nesse tema. Essas iniciativas, certamente, contribuirão para evitar a má incorporação e utilização nos EAS de tecnologias inseguras, ineficientes e onerosas ao sistema de saúde. Neste capítulo é comentada uma publicação do Mistério da Saúde de 2013, o Guia para Elaboração de Estudos de Avaliação de Equipamentos Médico-Assistenciais, disponível da Biblioteca Virtual do blog arquivo B16, indicando que este documento traz outros domínios de análise de ATS que não eram antes discutidos. O documento é interessante e certamente terá uma série sobre neste blog. Sobre os resultados da pesquisa, observou-se que apenas 33,61% dos EAS possuem um Comitê de Avaliação de Tecnologias em Saúde, mas apenas 30% dos 33,61%, ou seja 10% do total fazem a avaliação de EMA. O que representa a falta de conhecimento sobre ATS por parte de gestores de EMA e dos gestores hospitalares. Acreditação Hospitalar Neste tópico é importante ressaltar a existência da RDC nº 63 de 25 de novembro de 2011, que estabelece requisitos de Boas Práticas de Funcionamento de serviços de saúde, fundamentados na qualificação, na humanização da atenção e gestão, e na redução e controle de riscos aos usuários e meio-ambiente. Em se tratando de fundamentos é importante citar que estas metodologias estão sempre alinhadas com o propósito fundamental de ofertar maior segurança e conforto aos pacientes e aos colaboradores, promovendo o aumento gradativo da qualidade nos hospitais, através da mudança de hábitos, de procedimentos, posturas e expectativas, despertando sempre nos profissionais de todos os níveis e serviços um novo estímulo para avaliar seus processos, percebendo e aumentando as virtudes, reconhecendo e diminuindo as vulnerabilidades existentes. O caminho para a implantação bem sucedida de um programa baseado nos padrões exigidos pelo manual quer seja o manual da ONA (Organização Nacional de Acreditação), quer seja o manual da JCI (Joint Comission International), passa pela estruturação de um processo educativo permanente e abrangente, que

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Artigo #3 da série: Ministério da Saúde – Mapeamento e Diagnóstico da Gestão de Equipamentos Médico-Assistenciais

Artigo #3 da série sobre a publicação do Ministério da Saúde, Mapeamento e Diagnóstico da Gestão de Equipamentos Médico-Assistenciais nas Regiões de Atenção à Saúde do Projeto QualiSUS-Rede. Neste artigo foram destacados os trechos relevantes e comentários sobre os tópicos: Gestão de resíduos de serviços de saúde Metrologia em Saúde No próximo artigo serão abordados: Avaliação de tecnologias em saúde Tecnovigilância Acreditação hospitalar Faça o download deste documento em PDF na Biblioteca Virtual. Acesse aqui e cadastre-se. Veja também:Artigo de apresentação do estudo. Artigo #1: Contexto e Introdução.Artigo #2: Gerenciamento de manutenção, indicadores, perfil do gestor de EMA, educação permanente. Gestão de resíduos de serviços de saúde Os resíduos produzidos nos EAS necessitam de cuidado especial. Há diversas leis e instruções normativas que estabelecem as diretrizes que devem ser seguidas para a correta manipulação e descarte destes materiais. Um dos destaques do estudo está relacionado ao mercúrio (Hg), muito utilizado em diversos equipamentos encontrados em EAS, como baterias de aparelhos médicos, lâmpadas fluorescentes, amálgama odontológica, analisadores de sangue, desfibriladores, fones de ouvido, contadores, monitores, marcapasso, bombas, balanças, transmissores de telemetria,ultrassom, células de energia (baterias) de uso não médico de dispositivos, ultravioleta, sonda de equipamentos, termostatos elétricos, indicadores de pressão, barômetros, manômetros, vacuômetros, entre outros (IBGE, 2010). O mercúrio é um produto perigoso para a saúde humana quando em contato com a corrente sanguínea, podendo causar danos ao cérebro e até causar a morte. É recomendado ao EAS entrar em contato com os fabricantes e representantes de equipamentos, para receber as orientações para logística reversa, quando há, ou sobre o correto descarte. Um exemplo de preocupação com o manuseio e descarte do mercúrio está na Resolução SS n° 239, de 7 de dezembro de 2010, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, que proibiu a compra e uso de termômetros, esfigmomanômetros e materiais especificados contendo mercúrio em todos os EAS subordinados a esse órgão. É importante também dar atenção ao descarte de produtos químicos utilizados em laboratórios clínicos, regulamentada pela RDC ANVISA n° 306/2004. As características do risco apresentado por produtos químicos devem ser verificadas na Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ). Portanto, todo fabricante ao ser questionado sobre a composição do seu produto deve fornecer essa ficha, que dará subsídios para que o material seja descartado adequadamente. Geralmente, alguns tipos de exames envolvem a mistura de fluidos biológicos (sangue, urina, secreções, etc.), havendo a necessidade da redução da carga microbiana do material antes do seu descarte. Nesse contexto, ressaltamos a importância do conhecimento das normativas locais, pois cada estado ou localidade pode adotar um parâmetro diferente para o descarte de resíduos químicos, conforme apresentamos no Quadro 5 (LABTEST, 2006). O estudo constatou que 41 dos 131 EAS não possuem procedimento para o descarte adequado de mercúrio, o que é preocupante e que, além das implicações ambientais, a falta de tal procedimento oferece risco de contaminação dos colaboradores dos EAS. O estudo constatou também que 66 de 131 EAS não possuem, não responderam ou disseram que não se aplica um programa para descarte de equipamentos médico-assistenciais. Essa informação é alarmante, pois é sabido que diversos equipamentos médicos contém partes ou substâncias nocivas à saúde humana e ao meio ambiente, se descartados de maneira inadequada. Vale lembrar o acidente radiológico de Goiânia com césio-137, iniciado em 13 de setembro de 1987, (link notícia: http://g1.globo.com/goias/noticia/2013/09/maior-acidente-radiologico-do-mundo-cesio-137-completa-26-anos.html), tido como o maior acidente radiológico do mundo (maior que Chernobyl), quando dois rapazes encontraram um aparelho de radioterapia abandonado em um prédio público da cidade onde funcionava uma clínica desativada. A primeira vítima fatal dessa triste história foi a menina de 6 anos Leide das Neves. Metrologia em saúde Na área da saúde, as mensurações são cada vez mais presentes no cotidiano médico e de forma ininterrupta. As medições ocorrem e tomam-se decisões baseadas nos seus resultados (FERREIRA, 2013). Informações tais como: pressão arterial sanguínea, porcentagem de saturação de oxigênio no sangue (SpO2), volume de dióxido de carbono exalado no final da expiração (Etco2), entre outras variáveis biológicas que são trazidas aos profissionais de saúde e que em conjunto com outras informações advindas de exames clínicos e da própria história do paciente possibilitarão auxiliar na interpretação do prognóstico do paciente. Por isso, ter em mãos um equipamento que apresente resultados confiáveis vem ganhando cada vez mais força entre os profissionais de saúde, e tem ganhado espaço importante nos encontros científicos. Tenho um caso que envolve medição. Há algum tempo atrás, enviei um bisturi eletrônico para reparo no fabricante, e após reparo solicitamos a aferição deste aparelho, e para nossa surpresa o resultado da aferição nos mostrou que o aparelho ainda continha falhas quando se escolhia a potência mais elevada da escala. Se nossa equipe não estivesse preocupada com a aferição deste tipo de equipamento, não saberíamos que o equipamento continuava a apresentar falhas, mesmo após manutenção do fabricante (que certamente não fez esse procedimento). É essencial que após manutenção terceirizada, ou de manutenção da equipe própria do EAS, que o equipamento passe por medições de toda a faixa a trabalho, e sempre que possível, que o profissional de engenharia clínica apresente essas informações para o profissional de saúde, garantindo assim a confiabilidade do equipamento. Segundo Monteiro e Lessa (2005), a garantia da confiabilidade metrológica dessas tecnologias depende, não somente da atuação dos profissionais de engenharia clínica com sua formação complementada por conhecimentos em metrologia, mas também da qualidade dos laboratórios de calibração e ensaio comprovada por um processo de acreditação. A pesquisa para esse tópico apresentou que 58,54% dos respondentes do inquérito já possuem algum processo de metrologia implementado nos EAS. Todavia, foi possível identificar que desses que disseram fazer, a maior parcela é realizada pelas empresas terceirizadas. Outro aspecto importante de observar é que dessa amostra que disseram que fazem algum processo de metodologia com EMA, apenas 40,50% possuem seus instrumentos de medição com certificados de rastreabilidade. A grande questão desse assunto é que muitos EAS não possuem profissionais com qualificação mínima em metrologia para analisar um relatório e questionar a

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Artigo #2 da série: Ministério da Saúde – Mapeamento e Diagnóstico da Gestão de Equipamentos Médico-Assistenciais

Continuando a série de artigos sobre o estudo publicado pelo Ministério da Saúde, Mapeamento e Diagnóstico da Gestão de Equipamentos Médico-Assistenciais nas Regiões de Atenção à Saúde do Projeto QualiSUS-Rede.   Neste artigo foram destacados trechos relevantes do estudo, e complementado por  comentários sobre os seguintes tópicos: Gerenciamento da manutenção de Equipamentos Médico-Assistenciais; O Gerenciamento da manutenção de EMA nas regiões do Projeto QualiSUS-Rede; O Uso de indicadores no gerenciamento da manutenção de EMA; O perfil do gestor de manutenção de Equipamento Médico-Assistencial; Educação permanente no manuseio e manutenção de EMA   Os demais tópicos serão abordados nos próximos artigos: Gestão de resíduos de serviços de saúde Metrologia em saúde Avaliação de tecnologias em saúde Tecnovigilância Acreditação hospitalar Veja também: Artigo da parte 1 desta série: Contexto e Introdução. Artigo de apresentação do estudo.   Gerenciamento da manutenção de Equipamentos Médico-Assistenciais   Segundo a Anvisa, por intermédio da RDC nº 02, de 25 de janeiro de 2010 (veja artigo da RDC 02/2010 comentada aqui), EMA é definido como equipamento ou sistema, inclusive seus acessórios e partes de uso ou aplicação médica, odontológica ou laboratorial, utilizado direta ou indiretamente para diagnóstico, terapia e monitoração na assistência à saúde da população, e que não utiliza meio farmacológico, imunológico ou metabólico para realizar sua principal função em seres humanos, podendo, entretanto, ser auxiliado em suas funções por tais meios (ANVISA, 2010).   Uma das principais questões que o gestor deve lidar nesse processo é o gerenciamento da manutenção do próprio parque de EMA e materiais permanentes que se encontram sob sua jurisdição. Nesse caso, entendendo-se a manutenção, de uma forma geral, como a combinação de todas as ações técnicas e procedimentos administrativos destinados a manter ou recolocar o EMA em condições normais de operação, de forma a permitir que o mesmo desempenhe adequadamente as funções para as quais foi projetado e/ou adquirido.   Um programa de manutenção de EMA, portanto, corresponde a um conjunto de ações essenciais em estabelecimentos assistenciais de saúde, o qual não realiza apenas manutenção corretiva, mas contempla atividades para detectar falhas potenciais e ocultas que não são identificadas pelos usuários, mas podem trazer agravos severos aos pacientes e usuários. A manutenção de EMA, sob o ponto de vista mais situacional pode ser categorizada em manutenção preventiva, corretiva e preditiva.   O programa de manutenção de EMA, portanto, corresponde a um conjunto de atividades fundamentais dentro de um EAS, não só pelos riscos e custos envolvidos, mas, também pelos reflexos que pode provocar na própria qualidade do atendimento à saúde da população. Assim, ele deve ser pensado muito antes de se adquirir ou receber o equipamento, devendo ser considerado, idealmente, a partir da fase de avaliação de tecnologias, podendo influenciar potencialmente na tomada de decisão, no planejamento da aquisição e em toda a vida útil do equipamento.   Ao se considerar a implantação de um serviço próprio de gerenciamento da manutenção de EMA deve-se ter clareza sobre a importância dos serviços a serem executados e principalmente a forma de gerenciar a realização desses serviços (CALIL; TEIXEIRA, 1998). Nesse contexto, torna-se essencial o conhecimento e o domínio sobre o parque de equipamentos, seu inventário, suas características técnicas e operacionais, seu histórico, sua localização, etc.   Segundo Calil e Teixeira (1998), um sistema de gestão de EMA, para ser considerado efetivo, precisa estar vinculado a um competente sistema de gerenciamento dos recursos humanos envolvidos na manutenção dos equipamentos, sendo imprescindível que a equipe técnica seja constantemente treinada e capacitada, além de habilitada quando for o caso, principalmente quando novas tecnologias forem incorporadas ao parque de equipamentos da instituição, devendo haver um sistema de monitoramento contínuo da produtividade e qualidade dos serviços prestados por essa equipe.   O Gerenciamento da manutenção de EMA nas regiões do Projeto QualiSUS-Rede   Nesta seção estão apresentadas diversas informações muito interessantes para o entendimento da gestão de EASs, informações como: Quantidade de EASs que possuem gerência de equipamentos médico-assistenciais (EMA); Caracterização da gerência de EMA, ou seja, gerência própria, terceirizada ou mista; Existência de área física para a gerência de EMA; Existência de norma interna, ou protocolos, para execução das atividades pela gerência de EMA; Existência de acervo técnico atualizado e organizado para os equipamentos; Existência de almoxarifado para peças de reposição Existência de Ordem de Serviço para manutenção de EMA Percentual médio de EMA submetidos à manutenção preventiva   Neste seção ficou clara que quanto menor o EAS, menores são as ações para o gerenciamento de EMA, principalmente nas UPAS, que possuem poucos leitos e uma administração mais temerária.   O Uso de indicadores no gerenciamento da manutenção de EMA   Aqui a situação é ainda pior, pois mesmo EAS com grande quantidade de leitos, acima de 200, e que realizam procedimentos complexos, não fazem uso de indicadores para tomada de decisão.   Certamente esta mentalidade precisa ser reciclada, e a gestão eficiente precisa ser evidenciada a partir de indicadores inteligentes que mostrem a importância de se fazer uma gestão eficiente em EMA, e também que aponte para a administração as oportunidades de melhoria e os possíveis impactos positivos e negativos quando da melhora dos indicadores.   O perfil do gestor de manutenção de Equipamento Médico-Assistencial   Citando a RDC 02/2010 em que o EAS deve designar um Gestor para o Gerenciamento de EMA, com nível superior e registrado no conselho de classe, o estudo enfatiza a necessidade deste gestor ser especializado em Engenharia Clínica.   O estudo traça um cenário internacional do gestor de manutenção de EMA, relatando a situação em países como EUA, Canadá, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Alemanha, entre outros.   Foi traçado, a partir da interpretação das informações coletadas na pesquisa, o perfil do gestor de manutenção de EMA nos EAS pesquisados, e constatou-se que o médico é o profissional responsável pela gestão de EMA na maioria dos EAS pesquisados, sendo seguido por administradores, enfermeiros e na quarta posição aparece a figura do engenheiro.   Não há uma conclusão sobre este cenário, mas me arrisco a comentar esta seção do estudo. Acredito que

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Artigo #1 da série: Ministério da Saúde – Mapeamento e Diagnóstico da Gestão de Equipamentos Médico-Assistenciais

“A obra intitulada “Mapeamento e Diagnóstico da Gestão de Equipamentos Médico-Assistenciais nas Regiões de Atenção à Saúde do Projeto QualiSUS Rede” é parte do projeto QualiSUS-Rede, desenvolvido pelo Ministério da Saúde em parceria com o Banco Mundial, com objetivo de qualificar os serviços de saúde em regiões selecionadas do Brasil.   O mapeamento e diagnóstico de equipamentos médico-assistenciais nas 15 regiões selecionadas pelo QualiSUS-Rede, resultado de uma pesquisa em 131 EAS, insere-se no objetivo de aperfeiçoar a gestão do SUS ao levantar o perfil do profissional que atua com os equipamentos médico-assistenciais e outros dados e informações importantes para exame e decisão dos gestores de saúde nas três esferas de governo.”   A obra é leitura essencial para administradores de EAS e gestores de tecnologias em saúde. O estudo traz ainda referências de diversos documentos e estudos, como RDCs e pesquisas acadêmicas.   Os tópicos abordados no estudo são: Gerenciamento da manutenção de Equipamentos Médico-Assistenciais (EMA) O uso de indicadores no gerenciamento da manutenção de EMA  O perfil do gestor de manutenção de EMA  Educação permanente no manuseio e manutenção de EMA  Gestão de resíduos de serviços de saúde  Metrologia em saúde  Avaliação de tecnologias em saúde  Tecnovigilância  Acreditação hospitalar Neste primeiro artigo será feita a contextualização e a introdução de conceitos importantes, e na segunda parte serão comentados os itens acima abordados no estudo.   1. Contexto   “A gestão de equipamentos médico-assistenciais (EMA) nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) é tarefa fundamental e necessária para o adequado funcionamento de todos os serviços de saúde.”   Participaram desta pesquisa 131 EAS, e conseguiu-se apontar como se encontra a gestão dos EAS e o perfil dos profissionais que atuam com equipamentos médico-assistenciais.   2. Introdução   “Segundo Wang (2003), estudos conduzidos pelo Banco Mundial e pela Organização Mundial de Saúde demonstram que nos países em desenvolvimento cerca de 25 a 50% do parque de equipamentos médico-assistenciais são subutilizados ou mesmo não utilizados.”   Ainda de acordo com estes estudos, vários são os motivos identificados, tais como: a infraestrutura inadequada para instalação e operação dos equipamentos; a ausência de treinamento para gestão de novas tecnologias; os técnicos e operadores com treinamento insuficiente; os equipamentos obsoletos e inseguros para o operador, para o paciente e para o ambiente; dificuldade de aquisição de peças sobressalentes e material de reposição.   2.1 Gestão de Tecnologias em Saúde   A oferta de assistência à saúde pelo SUS está diretamente dependente de 3 componentes: Tecnologias em saúde; Recursos humanos; Gestão dos processos de trabalho ou seja, não há assistência à saúde sem que esses 3 componentes estejam bem estruturados.    “Assim, a tecnologia em saúde deixa de ser um artefato adjuvante nesse processo, sendo agora uma ferramenta compulsória para o alcance de uma eficiente assistência ao cuidado do paciente.”   Sabemos que tecnologias em saúde abrangem diversos recursos, mas o estudo em análise tem como tecnologia alvo os equipamentos médico-assistenciais, visto que representam um dos maiores orçamentos da saúde.   “Muitos EAS estão frente a um grande desafio, que se trata de estabelecer um programa de gestão de tecnologias em saúde, em especial os EMA, conforme se pode observar na RDC nº 02 de 2010 (ANVISA, 2010), que embora seja uma recomendação recente, possui uma importância muito grande para os serviços de saúde.”   Percebe-se então que os impactos na qualidade da assistência médica estão fortemente influenciados pelo bom funcionamento dos EMA. Esses aspectos aliados aos custos de aquisição e de manutenção dos produtos possibilitam refletir a gestão de EMA com o mesmo grau de relevância da gestão de outros recursos considerados nobres, como a gestão de medicamentos ou de pessoal (ANTUNES et al., 2002).   O conhecimento da importância de um EMA para um determinado serviço, o que ele representa para o Hospital ou mesmo para a região de saúde onde o EAS se insere é crucial no planejamento estratégico de manutenção, possibilitando medidas preventivas importantes e ações prioritárias para cada tecnologia alvo. Para tanto, é importante também conhecer o histórico de manutenção dos EMA e, por isso, adotam-se com muita frequência as Ordens de Serviço eletrônicas (OS) que possibilitam então o pormenorizado acompanhamento de cada EMA que foi enviado para manutenção.   Este estudo foi desenvolvido em 2014, com o objetivo de mapear e diagnosticar a gestão de equipamentos médico-assistências em EAS vinculados ao SUS, e ainda fomentar a capacitação de equipes para monitoramento permanente das condições de funcionamento e segurança dos equipamentos mais críticos.   3. Materiais e Métodos   Foi elaborada uma ferramenta de coleta de dados com 392 questões relativas à infraestrutura e ao processo de gestão de EMA, na forma de um questionário estruturado, e aplicá-lo junto aos profissionais responsáveis pela manutenção do parque de equipamentos constantes nos EAS selecionados.   A continuação do resumo e comentários do estudo será publicado na próxima segunda-feira, 19 de setembro de 2016.   Para receber o aviso da próxima publicação, você pode se cadastrar na Newsletter clicando aqui!

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Ministério da Saúde disponibiliza estudo sobre Gestão de Equipamentos Médicos

O Ministério da Saúde publicou recentemente um estudo chamado Mapeamento e Diagnóstico da Gestão de Equipamentos Médico-Assistenciais nas Regiões de Atenção à Saúde do Projeto QualiSUS-Rede. Um dos trechos publicados no estudo diz sobre Gestão de Equipamentos Médicos: Ao se olhar o cuidado em saúde com um foco mais operacional, visualizando-o como um plano baseado na equipe médica, no ambiente, nos medicamentos e nas tecnologias, percebe-se que a deficiência ou insuficiência de qualquer um desses quatro pilares pode não só reduzir a eficácia do cuidado, mas também trazer mais prejuízos do que benefícios para os pacientes, ou até mesmo colocá-los em risco. Por exemplo, um simples aparelho de medir a pressão, que se encontre desregulado, pode levar o médico a um diagnóstico equivocado e a um tratamento desnecessário e até prejudicial para o paciente. Este exemplo do aparelho de pressão, é o mesmo pensamento que também compartilho frequentemente, e mostra que a Gestão de Equipamentos Médicos também está presente em equipamentos simples. Veja também: Artigo #1: Contexto e Introdução. Artigo #2: Gerenciamento de manutenção, indicadores, perfil do gestor de EMA, educação permanente.

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