Este artigo finaliza a sĂ©rie de quatro publicações com comentários e trechos relevantes sobre o estudo do Mapeamento e DiagnĂłstico da GestĂŁo de Equipamentos MĂ©dicos publicado pelo MinistĂ©rio da SaĂşde. Neste artigo foram abordados os temas: Avaliação de tecnologias em saĂşde Tecnovigilância Acreditação hospitalar Veja tambĂ©m os outros artigos da sĂ©rie:Artigo de apresentação do estudo. Artigo #1: Contexto e Introdução.Artigo #2: Gerenciamento de manutenção, indicadores, perfil do gestor de EMA, educação permanente. Artigo #3: GestĂŁo de resĂduos, Metrologia em saĂşde Tecnovigilância A vigilância pĂłs-comercialização dos dispositivos mĂ©dicos Ă© denominada como Tecnovigilância, onde a AgĂŞncia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define como um sistema de vigilância de eventos adversos e queixas tĂ©cnicas de produtos para a saĂşde (equipamentos, materiais, artigos mĂ©dico-hospitalares, implantes, produtos para diagnĂłstico de uso “in-vitro”) na fase de pĂłs-comercialização, com vistas a recomendar a adoção de medidas que garantam a proteção e a promoção da saĂşde da população (ANVISA, 2003). Para atingir tal objetivo, sĂŁo realizados estudos, análises e investigações a partir de um conjunto de informações reunidas a respeito do desempenho do produto e obtidas atravĂ©s das notificações enviadas aos ĂłrgĂŁos de vigilância sanitária. Notificar um evento adverso ou queixa tĂ©cnica associada ao uso de um produto para saĂşde significa comunicar um agravo Ă saĂşde do(s) paciente(s) ou efeito inesperado ou indesejável, ou mesmo falha entre outros, que comprometam a segurança sanitária do produto. Qualquer profissional de saĂşde poderá notificar uma suspeita de evento adverso ou queixa tĂ©cnica atravĂ©s do seu Gerente de Risco, caso esse EAS pertença a Rede Sentinela da Anvisa, caso contrário ele deverá se dirigir a Vigilância Sanitária local (VISA) da sua regiĂŁo. As principais dĂşvidas que surgem dos profissionais de saĂşde, quando abordamos as notificações, sĂŁo: como se procede a essa ação, de que forma e quem deve fazer. Conforme a cartilha de Notificações em Tecnovigilância da Anvisa, para notificar nĂŁo Ă© necessário ter a certeza da relação de causa e efeito entre o evento adverso ocorrido e o uso do produto em questĂŁo. A suspeita dessa associação Ă© razĂŁo suficiente para uma notificação. O envio de uma notificação nĂŁo implica que o profissional da saĂşde ou o produto tenha necessariamente contribuĂdo para a ocorrĂŞncia do evento. Nessa pesquisa, 60% dos EAS conhecem superficialmente o processo de notificação em Tecnovigilância, todavia, somente 36% já utilizaram desse recurso. Observa-se, tambĂ©m, na pesquisa, que muitos entrevistados desconhecem como se faz uma notificação, alguns sequer sabem se a Instituição faz parte da Rede Sentinela da Anvisa ou mesmo se há a figura do gerente de risco na instituição. Nos locais que havia alguma atividade nessa área, verificou-se tambĂ©m a pequena participação dos profissionais diretamente relacionados Ă gestĂŁo de equipamentos com as atividades de Tecnovigilância, o que nĂŁo Ă© visto, por exemplo, em outros segmentos de vigilância, como a Farmacovigilância e a Hemovigilância. É possĂvel observar atravĂ©s desse resultado que as ações no gerenciamento de risco para EMA ainda sĂŁo limitadas, quando comparada Ă s outras tecnologias. Infere-se que um dos motivos seja a ausĂŞncia de profissionais na área de engenharia clĂnica, que auxiliariam os demais profissionais do serviço de saĂşde na investigação pormenorizada dos eventos adversos e a outra hipĂłtese refere-se, tambĂ©m, Ă s mudanças de hábito, onde algumas vezes esses eventuais erros que ocorrem sĂŁo tratados como falhas comuns, quando muitas vezes sĂŁo causadas por questões de projeto e que mereceriam notificação Ă Anvisa. Avaliação de tecnologias em saĂşde A avaliação de tecnologias em saĂşde (ATS), tambĂ©m conhecida como avaliação de tecnologias de cuidado em saĂşde ou de avaliação de tecnologias mĂ©dicas, Ă© uma forma de pesquisa de polĂticas que sistematicamente examinam consequĂŞncias a curto, mĂ©dio e longo prazo da aplicação de uma tecnologia em saĂşde, em um conjunto de tecnologias relacionadas, ou uma questĂŁo relacionada Ă tecnologia (BANTA et al., 1997). Os avanços na ATS podem permitir a promoção da qualidade dos serviços em saĂşde, mas novos desafios devem ser enfrentados para maior abrangĂŞncia na aplicação dos mĂ©todos de ATS focados em EMA. É importante fomentar a realização de workshops, que poderĂŁo assistir na formação de recursos humanos em diferentes regiões do paĂs e que serĂŁo multiplicadores desse conhecimento, podendo posteriormente participar de futuros editais de pesquisa nesse tema. Essas iniciativas, certamente, contribuirĂŁo para evitar a má incorporação e utilização nos EAS de tecnologias inseguras, ineficientes e onerosas ao sistema de saĂşde. Neste capĂtulo Ă© comentada uma publicação do MistĂ©rio da SaĂşde de 2013, o Guia para Elaboração de Estudos de Avaliação de Equipamentos MĂ©dico-Assistenciais, disponĂvel da Biblioteca Virtual do blog arquivo B16, indicando que este documento traz outros domĂnios de análise de ATS que nĂŁo eram antes discutidos. O documento Ă© interessante e certamente terá uma sĂ©rie sobre neste blog. Sobre os resultados da pesquisa, observou-se que apenas 33,61% dos EAS possuem um ComitĂŞ de Avaliação de Tecnologias em SaĂşde, mas apenas 30% dos 33,61%, ou seja 10% do total fazem a avaliação de EMA. O que representa a falta de conhecimento sobre ATS por parte de gestores de EMA e dos gestores hospitalares. Acreditação Hospitalar Neste tĂłpico Ă© importante ressaltar a existĂŞncia da RDC nÂş 63 de 25 de novembro de 2011, que estabelece requisitos de Boas Práticas de Funcionamento de serviços de saĂşde, fundamentados na qualificação, na humanização da atenção e gestĂŁo, e na redução e controle de riscos aos usuários e meio-ambiente. Em se tratando de fundamentos Ă© importante citar que estas metodologias estĂŁo sempre alinhadas com o propĂłsito fundamental de ofertar maior segurança e conforto aos pacientes e aos colaboradores, promovendo o aumento gradativo da qualidade nos hospitais, atravĂ©s da mudança de hábitos, de procedimentos, posturas e expectativas, despertando sempre nos profissionais de todos os nĂveis e serviços um novo estĂmulo para avaliar seus processos, percebendo e aumentando as virtudes, reconhecendo e diminuindo as vulnerabilidades existentes. O caminho para a implantação bem sucedida de um programa baseado nos padrões exigidos pelo manual quer seja o manual da ONA (Organização Nacional de Acreditação), quer seja o manual da JCI (Joint Comission International), passa pela estruturação de um processo educativo permanente e abrangente, que