Contribuições e Jornada na Engenharia Clínica – #GlobalCEDay Dia Mundial da Engenharia Clínica 2016
Este texto conta um pouco das minhas contribuições e jornada na Engenharia Clínica em homenagem ao Dia Mundial da Engenharia Clínica, ou #GlobalCEDay, através de relatos de experiências durante esta jornada. Por favor, não espere um texto formal, jornalístico ou acadêmico, mas um texto informal e autêntico. Conhecendo a Engenharia Clínica No início de dezembro de 2006, após concluir o curso de sargentos na Escola de Especialistas de Aeronáutica, tive a satisfação de ser o primeiro aluno do curso de eletrônica da região, e tive à disposição 14 locais de trabalho para escolher, e dentre elas havia o Hospital de Aeronáutica de São Paulo (HASP), hoje Núcleo do Hospital de Força Aérea de São Paulo (NuHFASP), localizado na Zone Norte da cidade de São Paulo. Escolhi trabalhar no HASP pela indicação de alguns conhecidos que disseram que o hospital seria um bom lugar para um militar trabalhar. Naquela época eu não tinha a menor ideia do trabalho que desempenharia no hospital, até mesmo porque o conhecimento de eletrônica que havia sido ensinado no curso era voltado para aeródromos e radares militares. Com alguma experiência em informática, imaginei que poderia trabalhar neste setor, engano meu. Apresentei-me e fui informado que trabalharia no setor de Serviços Gerais, cuja função é cuidar da gestão e manutenção da infraestrutura do hospital. Naquele momento fiquei decepcionado, não entendi como poderia ser útil naquele setor, uma vez que não tinha experiência com este tipo de serviço. Em pouco tempo, aprendi o que era necessário e comecei a participar da gestão de algumas áreas, participar do planejamento de manutenção, e também executar parte dos serviços internos. Foi a partir daí que nasceu a oportunidade de conhecer a Engenharia Clínica. O setor de Serviços Gerais era responsável por todas as solicitações de serviço do hospital, mais comumente lâmpadas queimadas, e torneiras pingando. No entanto, quando um equipamento médico-assistencial apresentava algum problema não havia equipe para atender, e, ou o encarregado da manutenção recebia o equipamento e encaminhava para uma empresa terceirizada avaliar, orçar, licitar e realizar a manutenção no equipamento, ou o próprio setor solicitante era quem enviava o equipamento para uma empresa de manutenção. Logo se vê que havia uma grande oportunidade de melhorar a gestão da manutenção desses equipamentos. Ao lado do setor de Serviços Gerais havia uma sala com cerca de 30m2 usada como depósito de latas de tinta, sacos de cimento, e materiais diversos utilizados na manutenção da infraestrutura, havia também naquela sala uma grande bancada em ‘L’ com gavetas e divisórias, e alguns armários. Seis meses depois de começar a trabalhar no HASP, descobri que aquela sala cheia de latas de tinta abrigara o antigo setor de Engenharia Clínica do hospital, que havia sido fechado há alguns anos por falta de pessoal. Devido à minha formação em eletrônica e curiosidade para consertar os equipamentos médicos, fui convidado a gerenciar as solicitações de serviços relacionadas aos equipamentos médicos e dividir minha jornada entre o setor de Serviços Gerais e a grande tarefa de restabelecer o setor de Engenharia Clínica daquele hospital. A partir daquele momento, em meados de 2007, inicio efetivamente trabalho e estudo em engenharia clínica com enorme satisfação. O Início e os Desafios Ver os resultados deste início foi determinante para a motivação em aprender cada vez mais a engenharia clínica. Lembro-me muito bem do primeiro livro lido sobre o assunto, que foi encontrado na internet e que tem distribuição gratuita. O livro tem o título “Gerenciamento de Manutenção de Equipamentos Hospitalares”, escrito por Saide Jorge Calil e Marilda Solon Teixeira, publicado em 1998. Ainda tenho o livro digital, se você tiver interesse, entre em contato comigo que compartilho com você. Este livro norteou o restabelecimento do setor de Engenharia Clínica, uma vez que define o passo-a-passo para o estabelecimento de um departamento de engenharia clínica em um hospital, desde a implantação, organização do ambiente, compra de ferramentas, contratação de pessoal, e por aí vai. Outro aspecto importante neste início foi a dedicação para conhecer o parque tecnológico do hospital. Além catalogar os equipamentos do hospital, foi organizada uma biblioteca virtual com os manuais de instrução dos equipamentos, e em alguns casos havia ainda o manual de serviço. A compreensão do uso e funcionamento do equipamento é fundamental para o profissional de engenharia clínica poder avaliar o equipamento, e também instruir o utilizador do equipamento, seja a equipe de enfermagem ou a equipe médica. Foi nessa época que eu percebi que parte das ordens de serviço que relatavam um equipamento apresentando problema de funcionamento, na verdade eram erros simples de operação, ou seja, quando o equipamento chegava na bancada para avaliação, não apresentava nenhum problema. Sempre que novos profissionais chegavam nas unidades de internação ou UTI, a quantidade de ordens de serviço aumentava. Uma solução muito simples neste caso foi focar em instrução para os colaboradores mais experientes da equipe, sendo feito de forma natural, ou seja, fazendo pequenas instruções para resolver dificuldades pontuais relacionadas a cada erro reportado, e de preferência no momento em que o erro era percebido ou o mais breve possível, assim, todos os elementos do ambiente poderiam ser observados e a instrução causava melhor resultado. Essa iniciativa reduziu as ordens de serviço relacionadas a problemas de operação para praticamente zero, e proporcionou às pessoas que utilizavam os equipamentos maior controle sobre o equipamento, e consequentemente maior segurança ao paciente. Progredindo na Engenharia Clínica Em meados de 2009, finalizando a graduação em engenharia de telecomunicações pela Universidade Cidade de São Paulo, não tive dúvidas que para prosseguir na engenharia clínica, seria fundamental fazer um curso de especialização em engenharia clínica. Tive a oportunidade de fazer o curso de Especialização em Engenharia Clínica, oferecido pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, vinculado ao Hospital Albert Einstein, que possuía grandes professores como Alexandre Hermini, Antônio Gibertoni, José Carlos Teixeira, para citar apenas alguns. O conteúdo do curso possibilitou elevar o setor de engenharia clínica a um novo patamar. Uma questão importante que eu gostaria de destacar é